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domingo, 24 de dezembro de 2017

LAMPIÃO NA BAHIA

COMBATE DA LAGOA DO MEL


No dia 24 de abril de 1931 Lampião e seu bando atacaram uma Força Policial Volante baiana comandada pelo Tenente Arsênio Alves de Souza. Os soldados foram atacados de surpresa enquanto descansavam próximo a um tanque (Lagoa do Mel) localizado na Fazenda Tanque do Touro que atualmente está anexada ao município baiano de Paulo Afonso.


No combate da Lagoa do Mel (Fazenda Tanque do Touro) foram mortos pelos cangaceiros, 13 soldados no local e outros três posteriormente, totalizando 16 baixas no efetivo da Força. O massacre não teve efeitos ainda maiores graças à ação rápida e eficaz do Tenente Arsênio Alves, que em meio aos tiros disparados pelos cangaceiros, conseguiu alcançar e disparar uma rajada da Metralhadora (Hotchkiss) contra os inimigos, afugentando-os por alguns instantes, dando assim tempo suficiente para que pudessem fugir do local. Ao ser disparado os tiros da metralhadora, que era algo novo para a época, um dos projéteis atingiu mortalmente Ezequiel Ferreira (Ponto Fino), pondo fim a vida do último irmão cangaceiro de Lampião. O Tenente Arsênio Alves antes de fugir retira uma das peças da metralhadora, deixando-a inutilizável.


Desde então uma versão que afirma que Lampião e seus homens teriam se utilizado de chocalhos de bodes para confundir os soldados e se aproximarem do local onde descansavam e atacá-los de surpresa, vem sendo repassada em livros, filmes, entre outros trabalhos sobre o gênero.


Agora fica a pergunta:


Teria realmente Lampião e seus comandados utilizado essa artimanha (Chocalhos) para se aproximarem dos soldados sem serem percebidos, quando na verdade o silêncio e o fator surpresa seriam a tática correta?


Vamos debater o assunto.


Vocês não acham que a utilização de chocalhos por parte dos cangaceiros teria ou poderia surtir um efeito contrário despertando a atenção da soldadesca em direção ao som emanado?


O fator surpresa sempre foi utilizado por Lampião no decorrer de sua vida contra seus inimigos. Porque nesse caso ele arriscaria chegar próximo ao inimigo que se encontrava fortemente armado, despertando sua atenção?


Outro fato interessante é que o ex-cangaceiro Ângelo Roque o “Labareda” afirmou em depoimento ao doutor Estácio de Lima, que a época era diretor do Instituto Médico Legal Dr. Nina Rodrigues em Salvador/BA, que os cangaceiros não utilizaram chocalhos para se aproximarem do lajedo (Tanque) onde os soldados estavam descansando e que pouco antes do ataque se depararam com um rebanho de bodes e cabras correndo assustadas, ainda segundo Labareda, provavelmente por conta da presença dos soldados. Alguns possivelmente dirão que Labareda pode ter distorcido a história, assim como fez com tantas outras que contou, mas por qual motivo ele esconderia um fato que em nada mudaria os rumos da história e que certamente engrandeceria ainda mais o feito realizado por ele e seus companheiros de cangaço?


Tenho a plena convicção de que as respostas para esses e alguns outros questionamentos históricos jamais obteremos... Mas quando usamos o bom senso e a inteligência conseguimos ao menos nos aproximar um pouco mais da verdade dos fatos, nesse caso, envolvendo as histórias e os personagens do cangaço.


Fica a incógnita.



Geraldo Antônio de Souza Júnior


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2 comentários:

  1. Os relatos deste combate são o tipo que mostra bem o perigo da história contada a partir da oralidade. Muitas vezes, tendem ao exagero. Na verdade, houve relatório policial militar com detalhe tal que indicou o número de mortos inferior. Foram um sargento e seis soldados. Nenhum a mais.

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  2. Sobre cincerros, nem e relatos da época, nem em conversa posterior de Arsenio com parentes, foram citados.

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