Vamos direto ao ponto.
No dia 28 de julho de 1938, por volta das cinco horas da manhã, Lampião e parte de seu bando foi atacado por uma Força Policial Volante alagoana comandada pelo Tenente João Bezerra da Silva, auxiliado pelo Aspirante Francisco Ferreira de Melo e pelo Sargento Aniceto Rodrigues dos Santos. Na ocasião do ataque estavam acampados na Grota do Angico em torno de trinta e seis cangaceiros, sendo trinta cangaceiros e seis cangaceiras.
A polícia ainda não havia completado o cerco quando deu-se início o tiroteio. Um tiro disparado pelo Soldado Abdon Cosme dos Santos contra o cangaceiro Amoroso, deu início a uma infernal fuzilaria, transformando a Grota em uma pequena amostra do inferno aqui na terra.
Lampião, que nesse momento estava se equipando, ao ouvir os primeiros disparos sai da sua tolda para saber o que estava acontecendo, sendo imediatamente alvejado por tiros de fuzil e não de metralhadora como erroneamente muito se propaga por aí. Um confronto que durou em torno de dez a quinze minutos resultou na morte de Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros e um Soldado da Força Policial Volante alagoana.
Terminado o embate os cangaceiros mortos tiveram suas cabeças cortadas e levadas pelos soldados como prova do acontecimento, sendo posteriormente exibidas como troféus em algumas cidades e lugarejos no percurso entre as cidades de Piranhas e Maceió em Alagoas. Era o fim do mais temido e sanguinário cangaceiro nordestino. A derrocada do cangaço no Nordeste tinha seu início.
Vários jornais do país daquela época e também do exterior noticiaram a morte do afamado cangaceiro e de parte de sua gente, sendo o mais destacado deles o Jornal carioca “A Noite” representado pelo Jornalista Melchíades da Rocha, responsável por matérias fantásticas e únicas em torno da caçada ao bando cangaceiro.
Terminado o confronto o Jornalista Melchíades da Rocha dá início a uma coleta de informações e em meio à soldadesca se depara com o Soldado Antônio Honorato da Silva, conhecido como “Noratinho” ou “Honoratinho”, que naquele momento e ainda no calor dos acontecimentos chamava para si a responsabilidade sobre o primeiro e mortal tiro disparado contra Lampião. Fato que, naquele momento, não foi contestado por nenhum outro membro da Força Volante. Honoratinho passou a conceder entrevistas para inúmeros jornais e sendo apontado por todos como o autor do disparo que matou Lampião. Quando todos os outros soldados se calaram e consentiram que Honoratinho se apresentasse como o autor do tiro mortal.
Após mais de setenta anos surge um novo fato. Um ex-soldado chamado Sebastião Vieira Sandes o “Santo”, pertencente à Força Volante alagoana, entra em contato com o renomado pesquisador e escritor Frederico Pernambucano de Melo e afirma ter sido ele o autor do primeiro disparo contra Lampião e não Honoratinho, como se tem acreditado até então. Fato que, se comprovado, algo que eu particularmente acho muito difícil, muda completamente a história sobre a morte de Lampião e coloca em dúvida tudo o que foi pesquisado e escrito sobre esse assunto até a presente data.
Como Lampião levou dois tiros sequenciais antes de cair mortalmente ferido o que pode ter acontecido é que tanto “Honoratinho” quanto “Santo” tenham realmente alvejado o cangaceiro quando este ainda permanecia em pé. Levando ambos a acreditarem terem sido eles os autores do primeiro e mortal tiro a atingir Lampião.
Verdadeiramente falando acredito piamente que essa é mais uma lacuna que ficará aberta para sempre nas páginas da história cangaceira já que nunca saberemos a verdade sobre esse fato e tudo que dissermos ou afirmarmos não passará de mera especulação. Infelizmente.
Lembrando que Lampião foi atingido por três disparos na Grota do Angico, no dia 28 de julho de 1938.
Sendo:
- O primeiro acima do peito.
- O segundo na região do baixo ventre.
- O terceiro na face direita quando já se encontrava estendido ao chão. Tiro esse disparado à queima roupa pelo então soldado Panta de Godoy.
Na fotografia anexada a essa matéria estão apontadas e enumeradas sequencialmente as partes do corpo de Lampião que foram alvejadas pelos disparos. Todos ocasionados por tiros de fuzil.
Geraldo Antônio de Souza Júnior
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